domingo, 12 de março de 2023

DIA DO PATRONO DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JOÃO DE DEUS

No dia 8 de março comemoramos o nascimento de um dos maiores vultos da cultura portuguesa do século XIX, o poeta e pedagogo João de Deus, Patrono do nosso Agrupamento de Escolas.

É considerado o poeta do amor e também o educador que soube ensinar os portugueses a ler com a sua Cartilha Maternal.
Hoje revisitamos a sua obra poética no livro Campo de Flores, editado pela Associação de Jardins Escola João de Deus e ofertado à Biblioteca Escolar pelo docente, Alexandre Costa.

“A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;”

Excerto de "A VIDA" |1893


Biografia
Poeta e pedagogo, João de Deus de Nogueira Ramos nasceu a 8 de março de 1830, no Algarve, e morreu a 11 de janeiro de 1896, em Lisboa.
Depois de ter frequentado, durante dez anos, o curso de Direito em Coimbra (onde foi uma das figuras mais destacadas da boémia estudantil da época e se relacionou com alguns elementos da Geração de 70, sobretudo Antero de Quental e Teófilo Braga), de ter dirigido em Beja, entre 1862 e 1864, o jornal O Bejense (onde publicou muitas das suas primeiras poesias), e de ter iniciado a prática de jurisconsulto, foi eleito deputado, em 1868, por Sines. Mudou-se para Lisboa, onde continuou a frequentar ambientes de boémia literária. Colaborou em vários jornais e revistas, como O AcadémicoAnátemaO AteneuCiências, Artes e LetrasO FósforoGazeta de PortugalA GrinaldaHerculanoPrelúdios Literários e Revista de Coimbra. Por volta de 1868-1869, coligiu as suas poesias no volume Flores do Campo, a que se seguiram Ramo de Flores (1869), Folhas Soltas (1876), Despedidas do verão (1880) e Campo de Flores (1893).
No seguimento da sua nomeação para o cargo de comissário geral do ensino da leitura, viria a desempenhar um papel social e cultural da maior distinção, revelando-se decisivos os seus esforços para a alfabetização de camadas cada vez mais alargadas da população portuguesa.

A publicação, em 1876, da célebre Cartilha Maternal, método de ensino da leitura verdadeiramente revolucionário no panorama pedagógico nacional, constituiu um marco importante desse processo.
Devido, em parte, à sua ação de pedagogo, em 1895 foi agraciado com várias
homenagens à escala nacional, entre as quais a de sócio honorário da Academia
Real das Ciências e do Instituto de Coimbra.
Como poeta, João de Deus situou-se num momento em que a via
ultrarromântica estava já a esgotar-se, mas, apesar do apreço que lhe manifestavam autores como Antero de Quental,
não se identificou com as preocupações filosóficas e sociais da Geração de 70.
De facto, a temática dominante da sua obra poética afastou-o da nova corrente.
O seu lirismo intimista versa constantemente sobre o amor, e por vezes perpassa
um sentido de plácida religiosidade, exprimindo-se sempre num estilo simples. A
sua obra abrange vários géneros, da ode à elegia, do epigrama à fábula,
passando pelo soneto.
João de Deus, que Antero considerava, já em 1860, "o poeta mais original
do seu tempo", defendeu e praticou um lirismo depurado, inspirado, a
exemplo de Garrett, na lírica tradicional portuguesa e na obra camoniana, de
onde recuperaria o soneto como um dos seus géneros de eleição.

Porto Editora – João de Deus na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. (consult. 2023-03-08) Disponível em https://www.infopedia.pt/$joao-de-deus


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