As Bibliotecas do Agrupamento de Escolas João de Deus divulgaram o concurso Ser Escritor é Cool!, uma iniciativa da Rede de Bibliotecas Escolares.
O trabalho vencedor do Desafio 1, no 3º Ciclo, é o texto da aluna Mafalda Branco, do 9ºE.
A Ilha
Acordei de madrugada com o barco a baloiçar vigorosamente. Vesti-me a cambalear e dirigi-me imediatamente ao convés. Assim que abri a porta, a tripulação alinhou-se à minha frente, “Bom dia capitã”, gritaram em uníssono, mas todos sabíamos que não era um bom dia.
No dia anterior tínhamos atravessado uma forte tempestade e perdemos dois homens para o mar. Nem conseguia imaginar o rosto de sofrimento das famílias quando recebessem a triste notícia.
Estávamos a navegar há quatro meses e ainda não tínhamos avistado terra. Temia que esta demanda fosse em vão e que morrêssemos todos antes de pisarmos terra firme. Nunca tinha imaginado que um dia me encontraria assim, desorientada no meio do oceano e sem esperança de um dia voltar a casa.
Voltei à cabine, consultei de novo o mapa para tentar localizar a nossa posição, ergui os olhos e através de uma pequena janela vi um ponto escuro no horizonte. Corri até à proa e confirmei que apesar de pequeno o ponto escuro continuava lá. À minha ordem, um tripulante subiu à gávea e gritou:
- Terra à vista!
- Terra à vista!, repeti com entusiasmo. Após meses de procura finalmente tínhamos encontrado terra.
Num bote, acompanhada por quatro marinheiros aproximámo-nos de terra e percebemos que se tratava de uma pequena ilha. Quando atracámos, saltei do bote, corri pela praia e cansada e eufórica, deitei-me na areia, apenas para sentir o seu toque ligeiro sobre a minha pele. Não estava a acreditar que tinha conseguido, que tinha finalmente encontrado terra. A felicidade inundava o meu espírito…
De repente, apareceram alguns homens de uma tribo desconhecida, armados com lanças e facas. Fomos obrigados a segui-los, por um trilho que nos levou até ao coração da floresta. Aí chegados, deparámo-nos com um aglomerado de casas inteiramente construídas de madeira e pedra. Não consegui observar tudo, pois tinha uma lança apontada às costas, pronta para perfurar o meu corpo de um lado ao outro.
A certa altura parámos e todos á minha volta se inclinaram em vénia em direção ao que imaginei ser o líder daquela comunidade. Quando olhei melhor, não consegui conter o riso, pois o líder daquela tribo era nem mais nem menos que um macaco.
Aproveitando o facto de todos estarem curvados perante o “poderoso” líder, fugimos. Acho que nunca corri tão rápido em toda a minha vida porque, em poucos minutos, eu e os marinheiros já estávamos no bote de regresso ao navio.
Entrei no navio, mandei içar a vela e jurei nunca mais voltar a pôr os pés naquela ilha.
Mafalda Martins Branco, 9ºE
Sem comentários:
Enviar um comentário