A Biblioteca Escolar João de Deus, em articulação com os docentes de Português, incentivou os alunos do 3º ciclo a participar no terceiro desafio do Concurso Ser Escritor é Cool!, uma iniciativa promovida pela Rede de Bibliotecas Escolares.
Parabéns a todos os alunos do 9ºA e 9ºB que participaram neste desafio. Os textos produzidos foram muito criativos!
O júri constituído selecionou como o melhor trabalho, do escalão, tendo em conta a sua votação (75%) e a votação do público (25%) o texto produzido pela aluna Catarina Revéz, do 9ºA.
Camões no século XXI
Camões: Ui! Onde é que estou? Isto não
se parece nada com o mundo que conheci… Que luzes são estas? E que ruído é este
que parece vir de todos os lados?
Eu: Olá, Luís Vaz de Camões! Bem-vindo
ao século XXI. Estás em Portugal… no ano de 2025!
Camões: Como é que sabes o meu nome? E
porque te vestes assim?
Eu: Toda a população de Portugal sabe
quem tu és, Camões. Foste e continuas a ser um marco da literatura portuguesa.
E eu estou assim vestida, porque a população já não vive na tua época, com
reis, príncipes e princesas… Por aqui, em 2025, temos uma tecnologia avançada,
com telemóveis, trotinetes elétricas, computadores e muito mais…
Camões: Tecnologia? Que palavra
estranha… E o que são esses pequenos espelhos de luz que todos carregam nas
mãos?
Eu: São telemóveis. Com eles podemos
falar com alguém do outro lado do mundo, enviar mensagens, ver imagens, ouvir
música, aprender coisas novas em segundos ou até ler “Os Lusíadas”. Agora a comunicação é instantânea. Mas, sabes, essa
rapidez tem um custo…
Camões: Ah! Já percebo. As palavras
voam tão depressa que não deixam tempo para sentir. Na minha época, uma carta
de amor era um poema escrito com cuidado. Hoje, talvez se diga “amo-te” com um
dedo e um emoji… Que pena, que
pena...
Eu: É
verdade. A tecnologia aproximou o mundo, mas também afastou os corações. As
relações mudaram. As pessoas falam muito, mas ouvem pouco. As distrações são muitas. As redes sociais, os ecrãs, a
pressa… tudo isso rouba tempo ao verdadeiro encontro entre as pessoas.
Camões: Um mundo que conhece os meus
versos, mas que se esquece do silêncio entre as palavras. Se os homens preferem
a velocidade à contemplação, então talvez o amor precise de reaprender a andar
devagar.
Eu:
D. Sebastião prometeu-te uma pensão pelos teus feitos. Por que razão morreste
pobre?
Camões: Morri pobre e de estômago
vazio, sim… mas com honra. Porque deixei ao meu povo palavras que ainda vivem.
Eu: E que viverão para sempre.
Obrigada, Camões. Foi um privilégio falar contigo.
Camões: O privilégio foi meu. Que os
vossos tempos encontrem poesia no meio da pressa. Adeus, gentil alma do futuro.
Catarina Revéz